D - LIBERE O PERDÃO AMOROSO
À medida que na vida recebemos demonstrações de afeto e apoio, vamos nos sentimos mais aceitos e amados. Contudo, se recebermos somente críticas e houver falta de carinho e atenção, nos sentiremos cada vez mais rejeitados e sem valor. Segundo o Dr. Ross Campbell, isto é porque todos nós temos uma espécie de “tanque emocional” que pode ser cheio ou esvaziado à medida que nos relacionamos com outras pessoas. Ao longo dos anos, vamos tentando lidar melhor com esta situação. Às vezes não percebemos, mas o choro, a birra, o silêncio, o isolamento, a obediência passiva, o dar de ombros, podem ser comportamentos motivados tanto pelo desejo de impedir que situações desagradáveis se repitam, como para estimular situações que nos fazem sentir bem. Entretanto, como nenhum ser humano é capaz de nos oferecer um relacionamento perfeito, se não descobrirmos uma maneira de lidar melhor com as emoções negativas, teremos muitas dificuldades com as pessoas, além de ficarmos sujeitos a crises emocionais por conta de sentimentos que entrarão em conflito.
Recapitulando....
Nos últimos encontros, tivemos a oportunidade de aprofundar nosso conhecimento em relação aos mecanismos de defesa que, muitas vezes utilizamos, quando situações desagradáveis geram ressentimentos e mágoas que nos deixam presos ao passado. Também vimos que estes mecanismos, normalmente, trazem mais prejuízos do que benefícios, deixando-nos mais irritados, cansados e amargurados. Aprendemos que somente o perdão que brota do mais fundo da alma, como fruto de uma decisão consciente, pode tratar adequadamente esta questão. No entanto, sem termos uma experiência com alguém que nos ofereça amor e aceitação, sem que o nível do nosso combustível emocional saia da reserva, não temos forças para aceitar as falhas e limitações das pessoas sem guardar mágoas. O problema é que sem uma forte sensação de sermos amados, abre-se um vazio emocional tão grande em nossos corações, que o desejo de preenche-lo passa a dominar tudo o que fazemos. Uma vez este desejo, dominado pelo egoísmo, priorizamos somente os nossos interesses na busca desta felicidade. E sendo assim, não nos sentimos bem para amar as pessoas que, de alguma forma, bloqueiam nosso caminho ou geram situações desagradáveis, pois elas diminuem cada vez mais nossa sensação de bem estar. Oferecer amor e bondade em lugar de vingança ou desprezo para aqueles que nos machucaram parece algo impossível. Contudo, a grande verdade aprendida foi: “somente o amor de Deus derramado em nossos corações pode manter o nosso tanque emocional cheio e nos capacitar a oferecer perdão amoroso aqueles que nos fizeram mal”. Através da experiência espiritual com o perdão de Deus, oferecido por Cristo na Cruz do Calvário, ativamos um relacionamento de amor que cura as feridas da alma e transforma as nossas vidas de dentro para fora. Pois, da mesma forma que Deus trata com bondade os pecadores que crêem no sacrifício de Cristo para perdoá-los, estas mesmas pessoas, agora perdoadas, se sacrificam para imitar o seu Deus e tratar com bondade aqueles que lhes ofenderam. Mas, como fazemos isso na pratica?
1 – Primeiro acerte as contas com Deus
Apesar de muitas vezes ser desprezada, a questão espiritual é imprescindível para resolver os problemas de ressentimento e mágoas. Como seres humanos, tudo afeta integralmente nosso ser. Corpo, alma e espírito sofrem as conseqüências de nossas escolhas (Salmos 32). Segundo Jesus, o mandamento do amor abrange tanto a Deus (espiritual), como o próximo (social) quanto a nós mesmos (pessoal), todos os relacionamentos são partes integrantes desta prioridade (Mateus 22:36-40). Mas uma das diferenças de confiar em Deus é que tudo que Ele nos pede, Ele próprio diz “NÃO TEMAS QUE EU TE AJUDO”. Ele faz questão de nos acompanhar em todas as nossas dificuldades (Isaias 43:1-3). Por isso, cabe uma questão crucial: Você tem certeza que pode contar com Deus em sua jornada pela vida? Você já acertou suas contas com Ele? Pois Deus identificou muitas ofensas e pecados que impedem o relacionamento do ser humano com Ele (Isaias 59:1-3) e, se dispôs a sacrificar o seu próprio Filho para arcar com as inevitáveis conseqüências. Na Cruz Deus ofereceu perdão e amizade eterna a todos que crêem em Cristo (João 3:16) e se arrependem de seus pecados. Desta forma, Cristo torna-se nosso Salvador e nós filhos de Deus (João 1:12-13). No entanto, nem todos crêem que Jesus morreu para possibilitar-lhes perdão. E sem esta fé, é impossível experimentar o derramar do amor de Deus no coração. Sem esta fé, é muito difícil receber forças para oferecer misericórdia àqueles que lhe fizeram algum tipo de mal. Sem esta fé, é desaconselhável colocar em prática o restante das sugestões, pois vão penetrar áreas enfermas da vida, que estão machucando, que estão atrapalhando, mas que estão quietas. É importante entender que mesmo depois de recebermos a Cristo como Salvador, se houver falta de perdão, precisaremos clamar a misericórdia de Deus para desbloquear a vida espiritual (Mateus 6:14-15). Portanto, não fique sozinho, com Deus será bem melhor.
2 – Identifique as pedras mais pesadas
Já percebemos que todas as nossas emoções são importantes, fomos criados por Deus com esta capacidade de reagir emocionalmente para sentirmos os impactos das diferentes situações da vida. Alegria, tristeza, mágoa, sentimentos de gratidão, todas são reações emocionais que não controlamos. Por isso, não devemos ignorar ou reprimir nossas emoções “negativas”, elas cumprem o seu papel quando nos avisam que algo de valor esta em risco. O problema é o que fazemos com elas. Não devemos alimentar sentimentos como a raiva, a mágoa ou o medo. Também não podemos deixar que eles nos controlem. A semelhança do motorista que avalia a gravidade da situação, quando a luz do tanque de combustível acende no painel, nós precisamos avaliar porque determinada palavra, pessoa ou situação mexe tanto com a gente. Algumas situações desagradáveis não foram devidamente avaliadas e se transformaram em grandes pedras que carregamos. Agora, seria bom identificá-las. Não é algo que nos agrada muito, mas só conseguimos limpar bem uma casa se as áreas que normalmente ficam escondidas forem alcançadas. Do contrário será apenas algo superficial. Deus tem muito interesse em que nos livremos destas pedras. Numa certa ocasião, Deus enviou um profeta para fazer Davi se lembrar do mal que estava escondendo (2 Samuel 12:1-10). Depois de cair em si, Davi clamou por purificação interior, transformação e renovação espiritual, áreas que até aquele momento ele aparentava estar bem (Salmos 51:1-10). Algumas pessoas procuram psicólogos ou conselheiros cristãos para ajuda-las nesta tarefa, mas Davi aprendeu que também podia contar com a preciosa ajuda do Espírito Santo nesta sondagem (Salmos 139:1-7). Por isso, depois deste encontro, procure um lugar tranqüilo, faça uma oração pedindo a ajuda de Deus e escreva o nome das principais pessoas que você guarda algum tipo de mágoa, deixando um espaço entre eles. Em baixo de cada nome identifique o que aconteceu, o que você sentiu na época e o que você sente agora. Se forem muitas pessoas ou situações muito doloridas, faça uma pausa entre um nome e outro, não precisa fazer tudo de uma única vez, mas não deixe de identificar as situações do passado que estão lhe impedindo de prosseguir com mais liberdade.
3 – Retire, uma por vez, estas pedras de sua bagagem emocional.
Depois de identificarmos as situações que estão trazendo peso emocional, precisamos nos livrar destas pedras. Pois, enquanto não nos livrarmos destes ressentimentos, a mágoa e o desejo de vingança implantará uma espécie de fita de vídeo em nossa mente que ficará repetindo as cenas que nos magoaram. Cada vez que ela repete, a dor e o desejo de vingança aumentam. Se quisermos viver livres, sem estas amarras do passado, precisamos desligar este mecanismo e, somente o perdão amoroso pode fazê-lo. Com a folha de nomes em mãos, agora vamos escolher uma pessoa por vez para retirar desta lista. Para cada pessoa escolhida temos duas opções: a) escolher um objeto para representá-las e dizer em voz alta: “Preste atenção, por causa do grande amor de Deus por mim, que me perdoou sem que eu merecesse, eu lhe perdôo por ter....e por....”. b) escrever uma carta que não será enviada, com dizeres parecidos: “Prezado (a), por causa do grande amor de Deus por mim, que me perdoou sem que eu merecesse, eu lhe perdôo por ter...e por...”. Antes do próximo nome, pare e perceba os sentimentos que experimenta. Após liberar o perdão, caso predominem desejos de vingança ou de arrependimento, por julgar que a pessoa não merece o que faz, repita o processo até que experimente paz espiritual, que vem da certeza que Deus aprova sua atitude. Pode soar meio esquisito falar com um objeto representativo ou escrever uma carta que não será enviada, mas o perdão é algo que acontece dentro do coração e, por isso, precisa alcançar primeiro a nossa própria alma. À medida que agirmos assim, poderemos encontrar ou não as pessoas envolvidas, contudo, olhar para elas ou falar da situação não será mais um fardo para nós. Através do perdão, alivie sua bagagem.
4 – Comemore suas novas expectativas em relação ao futuro
Por causa dos ressentimentos, ficamos presos ao passado e perdemos um pouco as esperanças em relação ao futuro. Muitas vezes, é por isso que agimos com críticas, pessimismo e amargura. O sentimento de que fomos privados de coisas boas, de que fomos mal tratados pela vida e pelas pessoas, leva-nos a pensar que temos o direito de agir como quisermos. Mas os sofrimentos pelos quais passamos não justificam nossa decisão de retribuir o mal com mal. Deus nos chama a retribuir o mal com o bem (Mateus 5:43-48). Por isso, o perdão é tão importante, até mesmo a nosso respeito. Precisamos nos perdoar por atitudes que tivemos e enterrar de vez as culpas no cemitério do passado. Ao liberamos o perdão aos outros e a nós mesmos, os óculos escuros do pessimismo dão lugar a fé que gera esperança. Sabemos que a vida não é um paraíso, que as pessoas não são perfeitas e que enfrentaremos sofrimentos, mesmo crendo em Deus. No entanto, o nosso relacionamento com Cristo nos transforma em pessoas mais doces que encontram nas mínimas coisas motivos para comemorar. Apesar da realidade que nos cerca, podemos fazer as coisas de maneira melhor daqui para frente. Podemos ajudar as pessoas. Podemos demonstrar aqueles que nos aborrecem o amor que recebemos de Deus como seus filhos. Podemos comemorar pelo sol e pela chuva, pela fartura e pela necessidade, pelos amigos que se foram e por aqueles que chegaram, podemos todas as coisas quando Cristo nos fortalece (Filipenses 4:10-13).
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