OIT diz que crise aumenta o risco de que meninas entrem no trabalho infantil.
GENEBRA (Notícias da OIT) – A crise financeira global poderia empurrar um número crescente de crianças, especialmente meninas, para o trabalho infantil, de acordo com um novo relatório publicado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) por ocasião do Dia Mundial contra o trabalho infantil, 12 de junho.
O relatório da OIT, intitulado "Dê uma Oportunidade às Meninas. Combater o trabalho infantil, uma chave para o futuro", observa que, embora recentes estimativas globais indiquem que o número de crianças envolvidas com o trabalho infantil tenha diminuído, a crise financeira ameaça os progressos que foram feitos até agora.
"Nós temos visto alguns progressos reais na redução do trabalho infantil.As políticas escolhidas para enfrentar a atual crise serão um teste em nível nacional e mundial para avançar ainda mais nesta luta", disse o Diretor-Geral da OIT, Juan Somavia.
O relatório diz que o perigo de aumento do trabalho infantil de meninas está ligado ao fato de que em muitos países as famílias dão preferência aos meninos quando tomam decisões sobre a educação dos filhos (1). O aumento da pobreza como resultado da crise poderia levar as famílias pobres com muitos filhos a ter que decidir quais filhos podem permanecer na escola. Nas culturas nas quais se dá mais valor à educação das crianças do sexo masculino, as meninas correm o risco de serem retiradas da escola e ficam mais vulneráveis para entrar no mercado de trabalho em uma idade precoce.
Outros fatores que poderiam elevar os números do trabalho infantil incluem cortes nos orçamentos nacionais de educação e um declínio nas remessas dos trabalhadores migrantes, porque muitas vezes estes recursos ajudam a manter as crianças na escola.
Neste ano, o Dia Mundial contra o trabalho infantil coincide com o décimo aniversário da convenção número 182 da OIT sobre a eliminação das piores formas de trabalho infantil.
"Com 169 ratificações até agora, faltam somente 14 para alcançar a ratificação universal por parte de nossos países membros", disse Somavia. "É uma notável manifestação de compromisso. Esta Convenção existe uma especial atenção à situação das meninas e queremos destacar os riscos particulares que as meninas enfrentam durante esta crise. Proteger meninas – e todos os filhos – do trabalho infantil exige a adoção de medidas integradas, que incluem o emprego para os pais, e medidas de proteção social que possam ajudá-los a manter meninas e meninos na escola. O acesso à educação básica e a formação para meninas e meninos também devem ser parte das soluções para o futuro".
O relatório da OIT diz que a mais recente estimativa global indicam que mais de 100 milhões de meninas são vítimas de trabalho infantil, e muitas estão expostas a algumas de suas piores formas. As meninas enfrentam uma série de problemas específicos que justificam atenção especial e incluem:
Grande parte do trabalho que realizam permanece oculto, o que gera riscos adicionais. As meninas constituem o maior número de crianças em trabalho domésticos em lares de terceiros e existem denúncias regulares sobre abusos de crianças trabalhadoras domésticos;
Em seus próprios lares, as meninas desempenham tarefas domésticas com muito mais freqüência que os meninos. Isto, somado à atividade econômica fora do lar, representa uma "dupla carga"que aumenta o risco de que as meninas abandonem a escola.
Em muitas sociedades, as meninas estão em uma posição inferior e vulnerável e são mais suscetíveis à falta de educação básica. Esta situação limita seriamente suas oportunidades futuras.
O relatório destaca a importância de investir na educação das meninas como uma forma eficaz de combater a pobreza. As meninas que recebem educação tem maiores probabilidades de receber salários mais altos em sua vida adulta, de casar-se mais tarde, de ter menos filhos e que estes sejam mais saudáveis, além de exercer um poder maior de decisão na família. Além disso, é mais provável que as mães com educação garantam a educação de seus próprios filhos, contribuindo assim para evitar o trabalho infantil no futuro.
(1) Dez por cento da população mundial é analfabeta, quase dois de cada três pessoas são do sexo feminino. 55 % das crianças em idade escolar que não estão matriculados na escola são meninas. Um número significativo de países matricula somente cerca de 80 menina para cada 100 meninos.
No dia 12 de junho serão organizadas centenas de atividades em cerca de 60 países de todo o mundo para comemorar o Dia Mundial contra o Trabalho Infantil. Em Genebra, uma sessão especial da Conferência Internacional do Trabalho celebrará o 12 de junho e o décimo aniversário da Convenção número 182 da OIT.
O Programa Internacional para a Eliminação do Trabalho Infantil (IPEC) da OIT realiza atividades em cerca de 90 países do mundo. Trabalha no nível de políticas, apoiando o desenvolvimento de marcos jurídicos e de políticas para combater o trabalho infantil, bem como através de programas orientados a prevenir e resgatar as crianças do trabalho infantil. Desenvolveu um Plano de Ação Mundial para eliminar suas piores formas – incluindo o trabalho perigoso, a exploração sexual comercial, o tráfico e todas as formas de escravidão – para 2016. Muitos dos programas locais OIT-IPEC trabalham com meninas, oferecendo-lhes oportunidade de educação ou formação como alternativa ao trabalho infantil.
Fonte: http://www.oitbrasil.org.br/topic/ipec/campaign/wdacl/2009/release_hq.php
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