Talvez ao ler este artigo você vai deparar com alguns pensamentos de Philip Yancey, jornalista e escritor cristão que já algum tempo vem falando sobre temas tão atuais que levam a pensar sobre a situação humana em meio ao caos. Em seu livro Alma Sobrevivente ele relata sobre alguns personagens que poderiam ser mal vistos pela sociedade evangélica, onde a má informação leva estes a sofrerem do preconceito imposto por nós.
Não tenho a pretensão de reescrever ou editar Alma Sobrevivente 2, não tenho tal conhecimento e sou apenas um aprendiz, mas sou um pesquisador e observador do comportamento humano, pode até parecer o contrário, mas fico analisando as pessoas.
Dentro desta linha de pensamento, nos últimos anos tenho percebido o quanto nós cristãos falamos sobre inclusão social e o papel da igreja na comunidade, mas quando é tempo de “arregaçar” as mangas logo revelamos quem de fato somos. Algum tempo atrás algumas manifestações deste tipo começou a agitar o mundo gospel, com aparições na mídia secular, de pessoas ligadas à igreja cujo papel na sociedade é mais conhecido por outros fatores. É fato que algumas destas personalidades nem “cristãs” são, mas suas ações humanitárias falam por si e expõe uma ferida em nosso meio, abrindo um antecedente para pensarmos quem de fato segue o texto bíblico de Mateus 25: 35-36: “Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me.”
Dentro desta visão quero falar um pouco de algumas pessoas que tiveram seu trabalho reconhecido, mesmo sofrendo preconceitos dentro e fora de suas comunidades, não se levaram pelas críticas, mas como bons soldados se envolveram com pessoas, doaram seu tempo, dinheiro e talento por causas nobres.
A Princesa Diana é uma destas pessoas que ficou conhecida por apoiar projetos sociais e ajudava especialmente campanhas contra minas terrestres e no combate à AIDS. Mesmo com o título de nobreza, a princesa não se importou e se envolveu nesta causa, sua contribuição para mudar a opinião pública em relação aos aidéticos foi levantada pelo então presidente americano Bill Clinton, quando este disse: “Muitos acreditavam que a AIDS poderia ser contraída através do toque, a Princesa Diana sentou-se numa cama onde deitava um aidético e segurou sua mão. Ela mostrou ao mundo que as pessoas com AIDS não mereciam o isolamento, mas sim compaixão. Isso ajudou a mudar a opinião do mundo, ajudou as pessoas com AIDS e também ajudou a salvar as pessoas em risco.”
Mas não parou por ai, sua contribuição foi além, em visita por Angola, em 1997, como voluntária VIP do Comitê Internacional da Cruz Vermelha. Diana visitou sobreviventes das explosões de minas terrestres em hospitais, depois foi verificar de perto os projetos organizados pela HALO Trust e compareceu em aulas de conhecimento sobre minas terrestres que ameaçavam casas e vilarejos.
Diana visitou a Bósnia com o Landmine Survivors Network. A princesa tinha interesse em evitar os prejuízos que as minas causavam às pessoas, especialmente a crianças. Seu trabalho fez com que a ONU levasse outras nações a assinar o Tratado de Ottawa, proibindo a produção e uso de minas terrestres.
O que levou a Princesa de Gales a fazer isso? Ela poderia ficar no seu mundinho de conto de fadas, se para muitos ela ousada por ser que era para a família real era motivo de chacota e seu casamento se afundava em escândalos, ela tinha a opção de se omitir e sair de cena, mas mesmo sendo acusada de não dar atenção a seus filhos e de estar envolvida em um romance, ela se anulou e preferiu se envolver com pessoas sem um futuro do que viver nos palácios do rei.
Paul David Hewson, conhecido como Bono tem seu nome aliado a filantropia em todo o mundo, seu envolvimento em causas humanitárias tem levado outros poderosos, seja políticos, igrejas, mídia e grandes empresários a se mobilizar em torno de um mundo melhor. Seu carisma e sua atitude tem sido uma voz em meio ao caos, falando abertamente sobre anistia, AIDS, dívidas em países de terceiro mundo como África.
Com desenvoltura ele percorre o mundo levando lideres a refletir sobre situações recentes e envolvendo pessoas em torno de temas tão maléficos que dizimam vidas como: a pobreza e a fome no mundo.
Para muitos, Bono e faz parte de uma banda de rock que só esta afim de rebeldia, mas o U2 é mais uma banda, ela esta pouco se importando com qualquer com as críticas, sua trajetória e sua história dentro do cristianismo fala por si, por viver em um país em pé de guerra entre católicos e protestantes e ver de perto o Domingo Sangrento que matou milhares em seu próprio país, sensibilizou a oferecer suas vidas em favor do próximo.
Por que não falar de Angelina Jolie, esta dá o que falar, além de uma beleza exuberante seu passado poderia condená-la a fogueira, bissexual assumida e com problemas familiares sérios, não teria lugar em nossos bancos de igreja, mas mesmo assim seu engajamento em favor dos necessitados é prova que esta envolvida em questões maiores. Em uma visita a Serra Leoa a um grupo de refugiados ela começa sua peregrinação, passando por Tanzânia, Camboja, Paquistão, Afeganistão, Equador, Kosovo, Sri Lanka e países africanos. Para provar sua participação ativa, ela adota crianças por lugares onde passa e destina parte de seus bens para ajudar pessoas.
Não menos importante podemos citar Irmã Dorothy Stang, esta missionária ingressou na vida religiosa em 1948, com votos de castidade, pobreza e obediência. Sempre presente em regiões pobres, ela trabalhou incansavelmente no Xingu com trabalhadores rurais. Sua atividade pastoral e missionária buscava a geração de emprego e renda com projetos de reflorestamento em áreas degradadas, junto aos trabalhadores da área da rodovia Transamazônica. Seu trabalho focava-se também na minimização dos conflitos fundiários na região.
Seu trabalho passou as fronteiras e chegou ser reconhecida internacionalmente, sempre defendendo uma reforma agrária justa, Irmã Dorothy mantinha intensa agenda de diálogo com lideranças camponesas, políticas e religiosas, na busca de soluções duradouras para os conflitos relacionados à posse e à exploração da terra na Região Amazônica.
Dentre suas inúmeras iniciativas em favor dos mais empobrecidos, Irmã Dorothy ajudou a fundar a primeira escola de formação de professores na rodovia Transamazônica, que corta ao meio a pequena Anapu. Irmã Dorothy recebeu diversas ameaças de morte, sem deixar intimidar-se. Pouco antes de ser assassinada declarou: “Não vou fugir e nem abandonar a luta desses agricultores que estão desprotegidos no meio da floresta. Eles têm o sagrado direito a uma vida melhor numa terra onde possam viver e produzir com dignidade sem devastar.”
Talvez por ser católica alguns torçam o nariz acusando-a de se prostrar a imagens e esculturas, mas seu trabalho foi sem dúvida um exemplo a seguir.
Estes me levam a debruçar sobre o texto de hebreus 11 e ficar horas pensativo e refletindo, pois homens que eram vistos como nada contribuíram e muito para o bem do próximo.
E quando termino de ler a biografia destas pessoas, percebo que o evangelho que sigo esta muito aquém das verdades que muitas vezes falo, e esta na hora de nós cristãos re-pensarmos sobre quem de fato tem vivido o cristianismo que Jesus tanto falou, por favor, não estou dizendo que estas pessoas são dignas ou não de alguma coisa, pois salvação pertence a Jesus, não sou juiz e não posso condenar aqueles que de boa fé tem contribuído para que tantos pequeninos ao redor do mundo não sofra as conseqüências da intolerância, precisamos rever conceitos e ser menos preconceituosos, precisamos ser agentes de mudanças para garantir a alguns o direito a vida…
“Se não somos capazes de levar o básico a outros que não sejamos incompreensíveis e jogar as pedras nas pessoas que o fazem, pois cada um o faz por motivos diversos, mas quem precisa não olha para quem ajuda, mas para o braço estendido, e que nós Igreja possamos ser este braço auxiliando a Jesus a levar um evangelho simples e genuíno aos famintos e sedentos.”
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