segunda-feira, 12 de julho de 2010

Tempos Modernos


Já dizia o rabino Rabino Nilton Bonder que os domingos precisam de feriados. Isso se dá devido ao fato de nós modernos acharmos que toda a pausa é perda de tempo mesmo que implicitamente. Frases como “tempo é dinheiro”, ou “...isso é uma perda de tempo” rege a cosmovisão do mundo moderno. Somos escravos do relógio e lutamos contra o tempo. Tudo começa com o despertar do celular, passando pela correria de se arrumar para não sair de casa atrasado, travamos mais uma batalha com o transito a fim de bater o ponto eletrônico na empresa dentro do horário, nos esforçamos para cumprir à uma hora de almoço e por ai vai até o fim do dia, ou até o fim dos nossos dias, isto é, até o fim do nosso tempo.

O tempo para existir não depende de nós. O que nós fizermos foi demarcar e contar o tempo. Já dizia um salmista “ensinai-nos a contar assim os nossos dias, para que alcancemos um coração sábio.” Acredito que é proveitoso saber que o nosso tempo é limitado, isto é, um recurso que um dia irá acabar apesar de não sabermos quando. Por isso devemos utilizá-lo com diligencia, quem sabe evitando procrastinar as coisas mais essenciais dessa vida e deixando de lado o supérfluo e o banal.

Os índios não vivem em função do tempo, quando alguma coisa dá errado como, por exemplo, um jarro que se quebra ou uma comida que queima na panela eles não entendem como perda de tempo. Diferente de nós onde qualquer entrave durante o dia como uma fila de banco é motivo de azedar o nosso humor devido à perda de tempo.

Quanto recurso é gasto afim de não perdemos o nosso tempo: computadores mais rápidos, celulares multifuncionais, transportes mais rápidos. O problema disso é que ainda continuamos sem tempo, ou pior, aquilo que realmente seria proveitoso como, por exemplo, o ato saudável e prazeroso de parar para comer, hoje há quem traduza como perda de tempo, por isso o sucesso das comidas rápidas (fastfood).

Gostaria de deixar uma reflexão de Elsie Lessa em "Gente" - Publicado em "As cem melhores crônicas brasileiras" - Editora Objetiva, p.158.

SOMOS UMA GERAÇÃO que perdeu o privilégio de não fazer nada, aquele doce não-fazer-nada que é a mansa hora de repouso, o embalo da rede na frescura de uma varanda, a quietude ensolarada de um pomar em que o sono da tarde nos pegou de repente, a hora de armar brinquedos para as crianças, das visitas que chegam sem se fazer anunciar, pois na certa estaremos em casa para uma conversa despreocupada e sem objetivo.
Somos uma geração de mulheres que saem demais de casa, para trabalhar ou para se divertir, e perde metade da vida indo ou vindo para não se sabe onde, fazendo fila para comprar, tomar condução ou assistir a um cinema. Perdemos o abençoado tempo de perder tempo, de não fazer nada, a única hora em que a gente se sente viver. O mais é canseira e aflição de espírito

(Elias Sena)

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