quarta-feira, 30 de julho de 2008

Perfil Jovem - Datafolha

Fonte: Folha de São Paulo:

Bayeux, Careiro e Riachão das Neves. Goianésia do Pará, Breves e Parauapebas. Zé Doca, Crateús e São Domingos do Azeitão. Os nomes podem soar estranhos, mas são apenas algumas das 168 cidades visitadas pelo Datafolha para realizar o mais completo perfil do jovem brasileiro neste século 21."Não há outro estudo com essa abrangência, cobertura e diversidade de temas", afirma Alessandro Janoni, diretor de pesquisas do Datafolha.

A abrangência se refere à pesquisa em todas as classes sociais. A cobertura é nacional, incluindo capitais e cidades do interior de todos os Estados.
Já a diversidade de temas pode ser conferida em cada uma das páginas deste caderno especial, que traz desde participação política até a sexualidade do jovem, passando por valores, sonhos, medos e hábitos de consumo. A primeira constatação da pesquisa é simples: cai por terra o clássico imaginário do jovem contestador, rebelde, engajado, participativo etc. O jovem brasileiro quer emprego.

Seus maiores sonhos são materiais: realização profissional, comprar imóvel e veículo e ficar rico. Seus principais valores são família, saúde, trabalho e estudo. E nem em temas polêmicos como descriminalização da maconha ou liberação do aborto eles se descolam do resto da população brasileira."É um jovem que ainda não conseguiu superar as barreiras das necessidades básicas. Só a partir daí ele abrirá a agenda para outras demandas. Revelar esse universo é extremamente importante", resume Janoni.

Há outros dados surpreendentes: o papel da igreja, o número de jovens que admitiram o uso de drogas, a taxa de meninas que disseram não serem mais virgens e a porcentagem declarada de abortos também chamaram a atenção do diretor de pesquisas do Datafolha."A principal razão para que esses números sejam mais altos do que os que aparecem em pesquisas semelhantes é que o Datafolha elaborou dois questionários", explica Janoni.

O primeiro, com 90 perguntas, era aplicado normalmente pelo pesquisador. O segundo, com 30 questões sobre sexo e drogas, era preenchido sozinho pelo próprio entrevistado, que não precisava se identificar. Além de não se constranger com perguntas íntimas, o jovem colocava o questionário numa bolsa lacrada, que só era aberta no instituto Datafolha, em São Paulo.

Foram entrevistados 1.541 brasileiros entre 16 e 25 anos. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.


Os jovens entre 16 e 25 anos são hoje 35 milhões e representam 19% da população brasileira. Para 33% deles, o trabalho é o maior sonho da vida. Entre os de 16 e 17 anos, a porcentagem é ainda maior: 42%. O jovem rebelde e niilista de gerações passadas deu lugar àquele que busca acima de tudo a realização profissional e a independência financeira.Para atingir esse objetivo, eles consideram o estudo importante. Ambiguamente, mais da metade deles (54%) já repetiu o ano. O índice é alto mesmo nas classes A e B (44%). E 32% deles não leu um livro sequer nos últimos seis meses.

Junto à ambição profissional, os tradicionais casar e constituir família mantêm-se em alta. No entanto, muitos jovens já são pais/mães (21%). Destes, em média, os garotos foram pais aos 19,3 anos, enquanto as meninas, aos 18 anos. A questão do aborto também é mencionada: apenas 4% das garotas admitiram ter feito aborto, e 33% "conhecem" alguma amiga que fez o procedimento.A questão da vaidade também foi abordada.

Perguntados como se sentiam em relação à própria aparência, 59% se declararam muito satisfeitos. Onze anos atrás, em pesquisa do mesmo Datafolha, o número era de 89%. O mesmo ocorreu em relação ao peso: 50% estão muito satisfeitos com seu peso contra 61% onze anos atrás. Em busca de atingir o inatingível padrão de beleza atual, 42% das jovens brasileiras querem fazer plástica. Entre os meninos, o valor é de 16%.Inédita no Brasil, a pesquisa na integra esta disponível para assinantes do uol e foi publicada no caderno especial da Folha de São Paulo, que teve grande parte das reportagens elaborada por trainees da Folha, sob a orientação de Ivan Finotti e da editora de Treinamento, Ana Estela de Sousa Pinto.

O direito de não sentir medo

A pesquisa do Datafolha revela o que se poderia classificar como "caretice" dos jovens - seus projetos mais importantes são trabalho, estudo e família. Nenhuma de suas principais referências adultas demonstram quaisquer sinais de contestação. A maioria, segundo a pesquisa, se diz de "direita". O jovem ficou velho? Não, é apenas esperteza pragmática, com toques de sabedoria.

Essa geração nasceu em um Brasil amedrontado, com a violência se espalhando todos os lados --uma violência que se associa às drogas. É um país amedrontado também pela falta de perspectivas; o desemprego atinge com força os jovens e, especialmente, os mais pobres. Nasceram, em suma, num país sem esperança, desequilibrado emocionalmente por causa do medo cotidiano, com difícil acesso ao mercado de trabalho e, para completar, com escolas ainda piores do que já foram. Nessa loucura, eles querem apenas a paz de sentir o gosto de controlarem suas vidas e prosperarem, confiando mais neles próprios do que em salvadores da pátria. Querem apenas o direito de viverem sem tanto medo.

A recado para nós, adultos, é claríssimo - eles querem que os governantes centrem mais e mais sua atenção no desenvolvimento do capital humano que, em resumo, significa a possibilidade de descobrir e desenvolver habilidades, sentindo-se autônomos. Isso é o que, segundo eles dizem na pesquisa do Datafolha, significa sonho.

Tem aversão à política, na forma como ela é praticada no Brasil. A igreja é a organização onde ele mais atua. É contra o aborto, considera família e casamento importantes ou muito importantes.Sexo? 22% das garotas entre 16 e 25 anos de idade nunca transaram. Drogas? 17% dos jovens já usaram algum tipo, e 43% deles garantem: os pais sabem.

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