segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Cristãos Pós-Modernos - Matéria da Revista Folha

Olá gente!

Começamos uma nova semana com uma matéria que saiu na revista da folha e, com certeza, ainda dará muito "pano pra manga". A gente esta caminhando rapidamente para uma customização da fé, onde é possível agregar os valores de cada pequeno grupo dentro de uma determinada comunidade, e assim, termos diversas comunidades cristãs com "caras diferentes".

Ponderando rapidamente sobre o assunto, vejo aspectos positivos e negativos. A questão dos grupos homogêneos, facilita o contato com pessoas de determinadas "tribos" e já é utilizada por grandes igrejas na américa, como as dirigidas por Rick Warren e Bill Hybels. Essa metodologia sempre remonta as críticas do significado que o apóstolo Paulo pretendeu para "me fiz tudo para com todos afim de alcançar alguns".

Os pesquisadores cristãos mais radicais constestam a idéia como um método sociológico de manipulação, que não traz conversão, apenas adesão a um grupo religioso. Mas, fica claro na matéria que, pelo menos, o pessoal do P242 não esta abrindo mão do evangelho, o que faz com que muitas pessoas não permaneçam. Mas, eu acabo sempre pensando na comunidade de fé como algo heterogêneo, uma unidade na diversidade, que é o discurso sobre os membros do corpo em Coríntios. Acho que grupos específicos podem ser úteis para um trabalho de abordagem, de evangelização, mas a edificação e o crescimento precisa ocorrer num ambiente onde as diferenças estejam presentes e sejam aceitas ou remidas para glória de Deus.

Por outro lado, a questão dos excluidos do evangelho merece uma atenção especial. Seja por comportamento,idéias divergentes, ou exclusão social, parece que os membros das igrejas evangélicas "só entram na praia para molhar os pés". Ou seja, as ações em favor do diferente e do excluido são muito superficiais. Só vamos até o ponto onde não tenhamos que abrir mão de nossas "preferências" nem precisemos fazer grandes sacrifícios. O nosso compromisso e discipulado estão muito pobres de verdadeiros sacrifícios pelo Reino. Não parece que nós fomos chamados para contribuir na construção do Reino de Deus, mas que Ele foi convocado a nos abençoar na construção do nosso. Enfim, um engajamento maior da nossa parte é mister.

Uma semana debaixo das bençãos do Deus Todo-Poderoso.
Uma semana debaixo das orientações do Deus de infinita Sabedoria.
Uma semana debaixo da graça do Deus de toda Bondade.

Lauberti Marcondes
http://diaconia-integral.blogspot.com/



Fé sob Medida

Na sala ampla, repleta de pinturas estilizadas de figuras religiosas nas paredes, os instrumentos de uma banda de rock estão a postos e um telão exibe slides que fazem referência ao papel de Jesus como revolucionário. Nas pequenas mesas e sofás, alojam-se os fiéis: jovens tatuados que usam roupas modernas e prestam atenção a cada palavra proferida pelo representante comercial Hudson Parente, o pregador da noite, paramentado de calça jeans e tênis All Star.

Como tudo no Projeto 242, igreja localizada no número 900 da rua da Glória, na Liberdade, a pregação passa longe daquelas dos cultos de templos evangélicos tradicionais. A começar pelo teor do sermão: “Vamos falar do X-Men de verdade. O ‘X’ é de Cristo, ele é o messias, ele é o que traz a revolução”, prega Hudson, 37, apropriando-se de um personagem pop das histórias em quadrinhos para falar de Jesus. Logo depois, Hudson faz mais uma ligação com a contemporaneidade ao pedir uma prece pelo presidente eleito dos Estados Unidos. “Vamos fazer uma oração para que Barack Obama possa ser iluminado. Deus, tenha misericórdia desse cara.”

Criado há dez anos, o projeto marca a chegada a São Paulo da chamada igreja emergente, movimento que nasceu na Inglaterra, na última década. É uma vertente que congrega denominações que começaram a oferecer cultos alternativos para a juventude, unindo espiritualidade, cultura e vida em comunhão.

O próprio nome da igreja remete ao espírito de comunidade: é uma referência bíblica ao versículo 42 do capítulo 2 do livro dos Atos dos Apóstolos: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações”. A divulgação da fé se dá por meio de sites, fotologs e blogs. Os fiéis do 242 são jovens de classe média ou média alta, muitos deles profissionais de áreas ligadas à criatividade, como designers, publicitários e arquitetos. Acreditam nos valores mais estritos da moral cristã, como a virgindade.
Ao mesmo tempo, fazem parte de uma comunidade religiosa na qual não precisam mudar a linguagem, as roupas ou as preferências musicais para se assumirem como cristãos.

Praticam também a chamada “teologia da inclusão”, levando o cristianismo aos “excluídos”. “Jesus ama a todos”, resume João Mossadihj, 25, o Jota, tatuagens nos braços, repetindo os dizeres dos 2.000 adesivos distribuídos na Parada Gay por ele e outros participantes do Sexxx Church, grupo criado para ajudar prostitutas e viciados em pornografia “a encontrarem Deus”.
Realizam também um trabalho direcionado a evangélicos. O grupo faz palestras nas igrejas, uma vez que recebem pedidos de ajuda de “irmãos” viciados em pornografia.

O Sexxx Church não se classifica como mais uma igreja, embora use o termo em inglês no nome. Seus 30 missionários são de diversas denominações, todos com um perfil parecido com o de Jota, que entrou para o 242 há quatro anos. Em outubro, o grupo fez jus à primeira parte do nome e foi visto na 13ª Erótika Fair de São Paulo. Lá, o Sexxx Church alugou um estande e exibiu camisetas com os dizeres “Jesus ama os atores pornô”, com a figura impressa de um Cristo de óculos escuros e exibindo tatuagens no braço. “Um Jesus ‘putão’”, define Jota.

O linguajar sem cerimônias do rapaz certamente pode provocar arrepios em cristãos tradicionais. “Se os jovens desta igreja se reúnem, usam essa linguagem e se identificam, acho válido como fenômeno religioso”, afirma o reverendo Luiz Alberto Barbosa, secretário-geral do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil. No entanto, ele pondera que os fins nem sempre justificam os meios. “A mensagem é válida, mas pode-se questionar se realmente está sendo transmitida.”

É com um discurso mais contemporâneo e ousado que os emergentes querem aumentar o rebanho. “A igreja não tem que ser uma fortaleza. Deve caminhar junto com as pessoas”, defende Jota. Ele acredita que, em geral, os desviados -termo usado pelos evangélicos para definir aqueles que se afastaram da igreja- foram separados de Deus pelas próprias denominações religiosas.

É justamente em busca de quem se “desviou” do cristianismo que iniciativas como o projeto Toque, uma ONG apoiada pelo 242, se aproxima de prostitutas, sem-tetos e crianças de rua na noite paulistana. “Vamos à região da Cracolândia, da Boca do Lixo e do largo do Arouche e abordamos travestis para conversar, fazer amizade”, relata Fernanda Pinilha, 26. “Acreditamos que, só por estar com eles, resgatamos sua dignidade.”

Plano divino
A integrante do projeto Toque resume a opinião dos fiéis das igrejas emergentes sobre o homossexualismo: “Acreditamos que não é o plano de Deus para o homem, mas não podemos excluir, julgar”.

Adriano Lima, 26, tatuagens que cobrem os seus dois braços, também é missionário em tempo integral do Toque. “O conceito de viver a vida em comunidade é bíblico. É um estilo de vida que deveria ser praticado pelos cristãos”, diz ele, que se prepara para cursar filosofia.

Na igreja do Projeto 242, triângulos pretos de tecido fazem as vezes de cortina nas janelas, lembrando espaços de eventos culturais -na pintura da parede, sobressai uma figura que representa a “noiva de Cristo”, ou seja, a própria igreja. No lugar dos tradicionais bancos de madeira estão sofás ou pequenas mesas com espaço para no máximo quatro cadeiras, com velas e salgadinhos para facilitar a interação entre os fiéis. E o show de uma banda de rock abre o culto.
“O visual é uma expressão do que nós somos”, explica o reverendo Sandro Baggio, 41, fundador da igreja, referindo-se tanto aos piercings dos fiéis quanto às mensagens de visual moderno exibidas no telão. “Decidimos andar juntos em uma comunidade cristã porque não nos encaixávamos em nenhum outro lugar.”

Oferecer um espaço religioso sob medida para jovens que professam a fé cristã, mas fogem do estereótipo certinho do crente, é o diferencial da igreja dos modernos.É uma maneira pragmática de olhar a questão religiosa. “Cria-se um ambient de comunhão, no qual esses jovens não se sentem estranhos”, explica o filósofo Eulálio Figueira, professor do Departamento de Ciências da Religião da PUC-SP. “Se eu vou a um lugar e me sinto bem, vou seguir frequentando.”

Os jovens urbanos, mais ligados à arte, podem se sentir peixes fora d’água em cultos em que seu estilo de vida é demonizado. “As igrejas convencionais e suas grandes assembleias já não atendem a determinadas parcelas da população”, afirma o filósofo. Daí, a organização de grupos religiosos menores e ao gosto do freguês.

Culto revolucionário
Quando questionados sobre como chegaram ao projeto, que atualmente conta com cerca de 150 fiéis, muitos dos frequentadores citam amigos ou parentes em comum. Como é usual em igrejas emergentes, os membros do 242 também são estimulados a criar: durante o culto ao qual a Revista compareceu, por exemplo, o artista plástico Anderson Augusto, 26, o SAO, pintou um quadro abstrato que intitulou de “O Revolucionário”. “Vou trabalhando de acordo com o que está rolando na pregação.”

A roupagem moderna parece não entrar em choque com valores como transar só depois do casamento e apenas com uma pessoa do sexo oposto. “Casei virgem, com o meu primeiro namorado”, diz Ester de Souza Ganev, 22, mulher de Jota, com quem tem um filho de dois anos, Zion.

“O projeto atrai os jovens, mas muita gente não permanece”, reconhece Ester, que é de família evangélica e passou a ir ao 242 com 17 anos. “A Bíblia não é muito confortável. Quando a pessoa vê que precisa mudar, acaba não ficando.”

A doutrina seguida por Ester não faz a clássica divisão entre o sagrado e o mundano. É difícil imaginar que outra igreja Claudio Tiberius, 43, editor de imagens que ajudou a fundar o projeto, poderia frequentar: roqueiro, dreadlocks nos cabelos e alargadores nas orelhas, ele tem uma banda que não está relacionada com religião. “Agora, estou compondo e gravando com a Eucatastrofe”, afirma ele, que durante os anos 1990 fez parte da banda de metal Krisiun.
À sua imagem e semelhançaHá diversas denominações no Brasil voltadas para as tribos urbanas, como emos, góticos e metaleiros, entre outros.

Já existe inclusive uma organização cristã, a Tribal Generation, que ensina, por meio de cursos, a administrar e a organizar igrejas. “Temos a obrigação bíblica de enxergar o coração, seja de um surfista, seja de um pagodeiro”, explica o produtor Ronei Soriani Junior, 32, um dos colaboradores na capital paulista dessa organização, cuja sede fica em Uberlândia, Minas Gerais.

A Tribal ajudou a criar denominações como a Manifesto, de Uberlândia, formada por “head-bangers” (fãs de heavy metal), a Ministro Milícia, de Vitória, com um público hardcore e punk, e, em Palmas, a Comunidade Zoe, de metaleiros. “A Tribal é uma facilitadora que agrega ferramentas para ajudar grupos que querem encontrar Jesus, como, por exemplo, um emo que está lá no canto dele chorando e que quer Deus”, diz Ronei.

Sem preconceitos, o Sexxx Church, também em nome da inclusão, está prestes a cometer uma heresia, do ponto de vista dos cristãos tradicionais: quer imprimir Bíblias, que serão doadas, com uma capa imitando a folha de um caderno de brochura e com listras da bandeira GLS, com a figura de Cristo de óculos escuros e tatuagem.

Mais: estuda, em 2009, alugar uma noite em uma casa noturna na Augusta, a rua dos prostíbulos e inferninhos da capital, para produzir uma festa. “A ideia é que seja uma balada normal, não-cristã, tocando música eletrônica, com bandas”, explica Jota, da 242.

Nos últimos dez minutos, os baladeiros crentes farão uma preleção sobre um Cristo criativo. “O Jesus do ‘Dogma’ [filme de Kevin Smith, no qual Cristo aparece sorrindo e fazendo sinal de positivo]”, emenda o cristão pós-moderno, para choque de muitos e curiosidade de tantos outros.

Por Maeli Prado e Rafael Balsemão (Revista da Folha de SP, 11/09/2009)

Comentário de Sandro Baggio sobre a matéria:

Hoje a matéria feita sobre o Projeto 242 e alguns ministérios que nasceram entre nós foi publicada. Eu peguei o jornal cedo e como geralmente faço, dei uma olhada rápida nas manchetes e então abri para ver a capa da revista. Quando avistei o braço do Adriano com a Bíblia na mão percebi que a matéria havia saído e pedi para que minha esposa lesse para mim enquanto dirigiámos para o culto da manhã. Nossa avaliação é que a intenção da matéria foi boa, houve uns escorregões aqui e ali (o que nos fez rir em alguns momentos e franzir as sombrancelhas em outros), mas de um modo geral, o que está escrito lá é um pouco do que somos.


Fontes:

Rev. Sandro Baggio (Pastor do Projeto 242)
http://www.sandrobaggio.com/

Site que agrega blogueiros da Igreja Emergente
http://www.igrejaemergente.com.br/

Comunidade do Projeto 242
http://www.projeto242.com/novo/home.aspx


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